segunda-feira, 26 de março de 2012

Votos e fitos

No universo do debate político nada mais confortável do que preconizar feitos e ações que agradam, sobremaneira, as expectativas populares no que refere a salários, proventos e prerrogativas.
Qual político, que depende fundamentalmente da simpatia da maioria – não deseja quebrar lanças e empenhar vontade pelas amplas vantagens salariais e conjunturais da massa eleitoreira?
Quem, com a expectativa do voto, não vai querer mostrar serviço e se desdobrar em discursos em prol das reivindicações de quem quer mais, aqui e agora?
É fácil pedir, exigir e até prometer quando não se tem a responsabilidade executiva de, atendendo objetivamente os pedidos populares, cumpri-los na simetria da lei e especialmente na medida dos interesses de todos.
Sabe-se que os governos não geram riquezas. Governos gerem riquezas oriundas do recolhimento de tributos.  Toda pressão que redunde em ônus a essa conta, redundará, forçosamente, no prejuízo direto ao bolso do contribuinte. É quase pacífico o entendimento de que, de maneira geral, todos sabemos o que fazer na área pública. Difícil é saber como fazê-lo. De que forma agradar medianamente a todos sem ter que sacrificar um segmento social em especial qual seja o que diuturnamente labuta para pagar impostos?
Se uma classe quer e merece aumento salarial deve tê-lo sem que isso signifique asfixia tributária para o cidadão contribuinte.
Para que assim se cumpra, sem grandes penalizações a quem trabalha e que, de fato, gera riquezas, é preciso que alguns segmentos sociais aceitem entregar uma fatia de seu quinhão de proventos e privilégios ao todo do bolo da partilha social.
No momento não vemos segmento tão afeito a esse despreendimento de profundos efeitos democráticos, do que a classe política, que amealhou por todos esses anos, sob a égide da própria e exclusiva vontade, todos os ganhos salariais e vantagens conjunturais que pode uma república prover e sustentar.
É hora, portanto, de abrir mão de uma pequena parcela desse acumulado em favor de professores, funcionários públicos, agentes de segurança, servidores da saúde, descamisados e desvalidos.
Vereadores, deputados, senadores e congêneres da vida pública nacional tem a histórica chance de equilibrar essa conta de Justiça social abrindo mão de uma parte do que lhes toca em benefício de todos esses que compõem os verdadeiros alicerces da República Brasileira. Mas nessa hora muitos falam e pouco fazem.
Falar ou fazer? – Com a palavra – mais que isso – com a oportunidade de fazer valer o que prega, a honrosa e honrada classe política nacional.
O que falta para isso? Pensar nos fitos e não apenas nos votos.