Quando o desterro das
ideias originais se transforma em bandeira dos oportunistas mercantis; quando a
febre dos modismos provê o delírio do consumismo banal; quando os desertores da
opinião acampam nos jardins dos acomodados; quando a ausência de senso crítico
exaure a vontade de saber e valer; quando a razão da cultura útil perde fôlego
na insana escalada da vantagem e da vendagem; quando o prodígio da palavra
escrita ou dita esvai-se pela artéria rompida das miserações da rotina; quando
arte e paixão perdem azo, não movem nem comovem, porque outros “botões” brotam
de nossos dedos e olhos, assustadora e dominantemente; quando a genuinidade e a
autenticidade não mais passeiam pelas avenidas do “progresso”; quando a
desertificação da inspiração e do arroubo avança e arranca os derradeiros
fiapos verdes de nossa esperança veemente; quando o vento das conveniências da
“modernidade” torna-se seco e árido e castiga-nos com a sede, a fome e a
desolação; quando a torrente da informação de encomenda lava e leva nossos
pertences anímicos costa abaixo, numa cascata sem fim... é tempo de dar um
basta!
É tempo de resgatar um tempo de inspiração e arte, de fé e
vontade, de razão e consciência, de amor e vivência, de saúde e prudência, de
liberdade e paz, de glória e virtude, de humanismo e solidariedade, de oração e
transcendência. É tempo de buscar origens para gerar promessas. É tempo
de soprar aragem e originar procelas. É tempo de juntar sementes e cultivar
searas. É tempo de respeitar e admirar o tempo.
De onde brotarão forças para tal intento? De onde vem o
estro para a iniciativa? De onde efervescem as ideias, os ideais e os
idealistas?
Há um manancial de valores e predicados que, gota a gota,
verte alimentando a imaginação, excitando a vida. É um manancial de credos e
vivências – uma vertente de mistérios cotidianos – um reduto de harmonia e
êxtase, um nicho de dádivas e milagres, um espelho da alma que nos vive.
Faça você também brotar em si esse manancial de prodígios: -
pense, reflita, inspire-se e crie.
Nenhum comentário:
Postar um comentário