Como seria?
Continuo filiado ao grupo que lamenta e condena regimes políticos autoritários, arbitrários e por conseguinte, anti-democráticos. No meu ponto de vista as ditaduras são rigorosamente condenáveis em qualquer tempo, sob qualquer pretexto, venham de onde vierem.
Na esteira de tais recriminações vem a ojeriza especial a “abusos” dos ditos regimes de exceção: supressão de garantias e direitos individuais; invasão de privacidade; constrangimentos de toda ordem, censura a livre manifestação do pensamento; restrições artístico- culturais, enfim, tudo o que de fato representa um regime ditatorial.Condenável!
Na história brasileira temos, infelizmente, o registro de situações que, na essência e na forma, se identificam com o malfadado regime autoritário.
O Estado Novo, por exemplo, sob a batuta de Getulio Vargas patrocinou momentos de agonia e de desespero ao povo brasileiro. Mas, inexplicavelmente, disso poucos lembram.
Bem lembrados são os denominados “anos de chumbo” chancelados pela “revolução de 64” ou “golpe de 1º de abril”.
E aí são pródigos e intermináveis os discursos, relatórios, declarações e depoimentos, a respeito dos fatos. Tudo lautamente contado e cantado em verso e prosa. De um lado os que explicam e justificam o “movimento”, de outro os que o condenam sem apelação.
Dizem os historiadores de ofício - os imparciais e portanto confiáveis – que a “revolução ou golpe de 64” foi a imperiosidade da “direita” sobre a “esquerda”; foi a prevalência de uma ala do mundo sobre a outra, identificando a liderança norte-americana de um lado e a força soviética de outro, na encenação ininterrupta e cheia de truques da denominada “guerra fria”!
O anti-comunismo foi a bandeira do “movimento de 64” e, sem contestação, essa foi a grande motivação do levante. Pelo menos esse foi o argumento público que teve na oportunidade a anuência da maioria do povo brasileiro.
Depois o “movimento” teve suas fases de desvirtuamento como todo e qualquer “movimento” que se oriente pela exceção. Contabilizou realizações e decepções; teve adeptos e contestadores; venceu em algumas iniciativas e perdeu em muitas quando, intempestivamente, avançou sobre o sagrado terreno da liberdade das pessoas.
No balanço geral sempre fica a indagação: - considerando as circunstancias histórico: – existênciais daquele momento brasileiro teria sido possível produzir outra resolução? Ou teremos que metabolizar, necessáriamente, tudo o que aconteceu, sob o indefectível argumento social, como em todas as culturas, entendido como o indecifrável “mal necessário”?
Pensar sobre o tema é fonte inesgotável de aprimoramento intelectual, sem dúvida.
O senso crítico dos brasileiros de bem, distante da raiva obscurantista, nunca perdeu o referencial da verdade, e sempre soube, sabe e saberá reconhecer o que foi útil nesse período, assim como jamais vai esmorecer na implacável condenação aos erros e abusos cometidos nesse tempo de arbitrariedades.
Com a mesma independência intelectual, por pura curiosidade, esses mesmos brasileiros de bem, com afinado senso critico gostariam de saber como teria sido se o outro lado tivesse vencido(?)
O outro lado tinha como modelos a União Sovietica, a China, Cuba, Albania e outros. Países que na época eram públicamente adeptos do chamado Estado Totalitário. A União Sovietica ruiu, a China trocou de trilho, a Albania sucumbiu e Cuba continua sem dar a menor chance a oposição.
Como seria se esse bloco fosse o vencedor naquela longíngua rêfrega de 64?
Como seria? Será que as liberadades individuais seriam respeitadas?
E as instituições democráticas conservariam sua integridade?
Como seria? Perguntar enriquece a consciencia...
Responder mais ainda!