segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Brasil – um país urbano

Nas comunicações, o Brasil também privilegiou as comunidades urbanas. Afora alguns contratempos, na cidade tudo funciona: - telefone, internet, televisão, comunicação de dados – tudo!
Na área rural é um “deus nos acuda”. Há uma intermitência irritante no funcionamento de alguns serviços, quando há serviços.
Para se ter telefone, internet e televisão temos que fazer polpudos gastos com antenas, transponders, decodificadores e por aí vai.
As Empresas prestadoras dos serviços não tem o menor interesse em melhorar o sinal para esse povo do campo – afinal são tão poucos que nem contabilizam na resenha dos lucros. E melhorar sinal significa custos. Já nas cidades a história é outra. Tem gente saindo pelo ladrão e o Tim-tim do faturamento não para de tocar.
No discurso os políticos não cansam de pregar que é preciso criar meios e atrativos para que o homem do campo permaneça no campo. Pura conversa. Se os governos realmente quisessem melhorar as condições das comunidades rurais, investiriam em infra-estrutura e alargariam as fronteiras dos meios básicos  para fins sociais. Estradas, escolas, comunicações, segurança, lazer, crédito compatível, assistência técnica e saúde – tudo isso faria parte de um programa sério cujo desenvolvimento estaria na planilha da república e não apenas na caderneta eleitoral de alguns aproveitadores.
Se...
Salvo melhor juízo, o Brasil vive do campo mas faz carinho na cidade. Um dia alguém cobrará caro por essa injustiça.
Um dia...

Perigoso é funcionar

Já repararam que quando um serviço público funciona de forma competente, tem burocrata de plantão (de pijama listrado, pantufas e toca com pompom) prontinho para dar um basta nesse “abuso”.
Serviço Público funcionar bem tal qual iniciativa privada é um supremo perigo. Isso pode esvair a pátria e comprometer o sistema. Serviço público, por gênese, história, tradição, estilo, índole e propósitos, não deve e não pode funcionar eficientemente  sob pena de vulgarizar-se e assim igualar-se a finitude e mortalidade dessa tal de “iniciativa privada”, plebe ignara e bastarda, que acha que competência é tudo e o lucro é capital.
Bom mesmo é inchar e multiplicar estruturas; fragmentar e travar serviços; sistematizar embromações gerais e obstáculos pontuais; converter deveres em direitos; subsidiar a ideologia do tudo é nada e nada é tudo, e estamos conversados!
Conversados e mal pagos... esse é o sentimento do cidadão comum.
Aquele que espera um serviço público eficaz que lhe dê uma pequena chance de cultuar uma razão para a cidadania. 
Mas isso é extremamente perigoso pois cidadania é aquilo que pode mudar governos, incendiar protocolos e eliminar burocratas.
Como em toda regra, há exceções honradas e honrosas. Referimo-me aos segmentos de segurança pública como o Exército, a Brigada e a Polícia. Esses setores são exemplares e de fato mostram competência, de maneira geral.
Nem tudo está perdido. 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O tom da indignação

Houve um tempo em que bastava uma pessoa de bem – leia-se com peso moral e responsabilidade – falar de um assunto e este incorporava uma importância e uma significação marcantes na vida de uma comunidade. A densidade das palavras e das atitudes estava na dimensão equivalente da credibilidade, da confiabilidade, e do valor intrínseco do verbo e do exemplo. Era a verdadeira potência dos gestos e das palavras, em tempo de paz.
Hoje, porém, em que pese o grau de responsabilidade de quem fala, comentando, reivindicando, sugerindo, criticando, elogiando, etc, a mansidão não valoriza nem intensifica a essência e o conteúdo dos temas e das questões.
Em outros tempos se punha um governo a correr com a força das palavras e dos semblantes. Hoje os governos, de maneira geral, por terem perdido o recato, não se movem nem se comovem com isso. São surdos e cegos, mas, não são mudos, infelizmente. Quando querem subir ou se manter buscam apoios diversos, inclusive dos que falam com razão e agem com dignidade. Depois de vitoriosos tomam novas e polpudas doses de indiferença e antalgia.
Mas não se enganem, nem se compadeçam: - os governos não entraram definitivamente para o rol dos sensitivamente incapazes – não – não houve mutilação, perda de tecido ou ferimento grave. O que aconteceu foi “apenas” um deslocamento (eu diria envelhecimento) do tônus perceptivo governamental.
É a catarata oficial. E a surdez progressiva institucional. O que mudou, na verdade, foi o grau da capacidade de apreensão e compreensão dos governantes. Hoje não é qualquer murmúrio de quintal que demove a paquidérmica máquina pública. É preciso muito mais.
Hoje impera a denominada política do relhaço. É a nova (e funesta) era do látego, da gritaria, do quebra-quebra. Não é só a qualidade do protesto que mudou – mudou a forma, a quantidade, a contigencialidade e acima de tudo, o tom.
Aí estão as manifestações que abundam em nossas vias e povoam os noticiários. Sem terras ali, sem tetos aqui, sem emprego, sem saúde, sem segurança, sem veracidade, sem educação, sem comida, sem dignidade.
Nesse tom – quase sempre nos limites da barbárie – é possível perceber a comoção governamental e seu conseqüente requebrar de ossos. E move-se célere, solicito e visivelmente temeroso. Mas afinal, de que ou de quem tem medo o governo que, salvo melhor juízo, detém o monopólio da força? Tem medo da rejeição ideológica, da solidão administrativa, do esvaziamento assistencialista, do despropósito clientelista – tem medo de perder o voto, o poder, a vantagem. E por isso só tem olhos e ouvidos para escândalos e ruidosidades. Muitos setores de nossa sociedade há muito já se aperceberam disso – os sem terra, por exemplo, conseguem muito mais portando bandeiras invés de enxadas. As bandeiras geram ambiente de disputa. As enxadas amanham a terra e a alma, produzindo riqueza e calma. Quem quer isso? Os homens de bem querem – os governos populistas não.
Por essas e por outras, é que populações ordeiras e pacíficas como a nossa estão perdendo terreno e amargando um balaio de frustrações. Agora mesmo, educadamente, levanta-se contra o aumento da tarifa nas contas de água.
Fala, pondera, solicita, reivindica, faz abaixo assinados. Conseguirá ser vista e ouvida??
Ou terá que reger-se em outro tom – pelo diapasão da indisciplina? Nossos representantes e autoridades têm a palavra.
Mais que isso – tem a oportunidade da atitude! Que seja! 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um Arquipélago

O Brasil é um continente apenas sob o ponto de vista geográfico. Social e economicamente nosso País é um arquipélago – com ilhas de prosperidade e ilhas de miséria. O conceito é bem conhecido mas nunca será demais reenquadrá-lo na análise cotidiana. Até porque essa realidade, além de se consolidar, tem se expandido perigosamente. Vivemos o momento máximo dos contrastes... Enquanto existe um Brasil que dança e balança ao ritmo da boa qualidade de vida, com fartura de cama, mesa e banho, há um outro, bem ali atrás da esquina ou de baixo da ponte, faminto, doente e sem qualquer expectativa. Se a ciência social tem vez, e sempre tem, não há sociedade que se contenha em sua própria pele coletiva com tamanha descontinuidade.
Se falta aqui e sobra acolá – de maneira tão gritante – é porque ainda somos apenas uma Nação. Apenas nos “igualamos” pelo nascimento em um território politicamente soberano. Ainda não somos um país, verdadeiramente. Língua, leis e amor à Pátria são valores universalizados por força de uma circunstância utilitária mas não por uma vontade étnica ou espiritual. Quem somos nós?? O Brasil será capaz de identificar o Brasil??
Salvo esporádicos e acidentais movimentos de massa mais afeitos ao esporte e ao lazer (futebol e carnaval), nada há que ligue, de forma produtiva, os esporos da consciência brasileira. A eleição por ser obrigatória não se inclui no rol dos movimentos populares espontâneos, e portanto, não logra o merecimento de ação nacional por motivação coletiva.
As ilhas brasileiras não se conhecem mas se temem. Não se amam mas se respeitam. Não se odeiam, apenas se indiferenciam...
Quando, enfim, seremos um continente – grande, forte, unido e poderoso – como cantou Gonçalves Dias, Duque  Estrada, Castro Alves, Bilac, Rui, Machado e outros??... Quando??...

Mecanismos...

Um dos mais eficazes mecanismos de manutenção das relações democráticas em nível tolerável, é o denominado “telhado de vidro”, devidamente incrementado pelo “barbas de molho”.
No Brasil, pelo menos, tal mecanismo funciona espetacularmente.
Os ânimos não se acirram de forma comprometedora aqui, porque, os telhados sendo, rigorosamente de vidro frágil na vida pública, não suportariam o peso e o impacto das críticas, estejam onde estejam os situacionistas ou os opositores. Todos desfrutam de seus telhadinhos de vidro fino. Quando se potencializa uma investida contra esta ou aquela diretriz político-administrativa, logo vem, como defesa ou contra-ataque a recíproca ameaça: - se me atiras pedras, te atiro pedras também. Com toda essa “equivalência” entre as partes, é justo e oportuno que “as barbas estejam sempre de molho”.
Desequilíbrio mesmo haverá quando ascender ao poder uma estirpe macaquística , que vive em árvores, pulando de galho em galho, fazendo muitas graças e na cadeia evolutiva, um dia, será gente.
Perigoso será quando esses “indivíduos” resolverem debater suas diferenças em uma loja de cristais: - não ficará nada inteiro, por certo.
Mas, enfim, a vida continuará, porque cada um voltará ao seu galho. E nós continuaremos o que? Ameaçando telhados? Enxugando barbas? Quebrando galhos?
Tudo isso e nada disso pois não estamos nem aí! – Se as pedras caírem e as barbas molharem, será apenas mais um “programa” buscando audiência na concorrência com novelas, big-brother, e outros da mesma laia...
E só!

Fora de série

Alguém escandalizou-se ao ver algumas camisas recém chegadas da lavadeira, com amplas e denunciantes manchas. Recém lavadas e com manchas? Mas eram, isto sim, marcas – rastros diria – produzidas pelo excesso de alvejante.
Um olho mais acurado diria que as tais “marcas” sugerem uma mescla em degradê formatando um conjunto harmônico. Coisa para olhos calibrados para a arte. Gente mais certinha dirá, simplesmente, que a lavadeira pôs tudo a perder. Da minha parte direi: - acho ótimo que o excesso de alvejante tenha praticado essa porção de pinceladas aleatórias (ao sabor integral da dinâmica do acaso) pois transformou as tais camisas em peças únicas, raras, inimitáveis, irreproduzíveis, verdadeiros artigos para colecionadores.
E se isso valer – para egos gerais e ou especiais - alguém poderá dizer, batendo no peito, com orgulho – estou com uma camisa fora de série: - em qualquer parte do planeta ninguém veste camisa igual a minha.
Nem nababos, presidentes, reis, artistas, traficantes (os chefes, claro), aiatolás, xeiques, marajás, brancos, pretos, amarelos e holandeses – ninguém tem camisa igual a minha. Nem deputados, senadores, lobistas e empreiteiros tem.
Viva minha camisa – salve o alvejante – glórias a lavadeira.
Neste mundo de massificação compulsória irrecorrível é muito gratificante ser diferente. Mais diferente que isso só os sem camisa pois esses têm a prerrogativa diferencial de seu próprio busto. E isso é tudo! E basta!
Será mesmo?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Novo Contrato

É mais que hora de juntarmos empregadores, empregados e governo, em torno de uma mesa e discutirmos, em alto nível, um destino decente para a sociedade brasileira, formulando, por assim dizer um novo contrato social. Nessa oportunidade, para que haja consenso, será preciso que cada parte abra mão, proporcionalmente, de um quinhão de direitos e uma porção de proveitos.
Não é de hoje que empresários e empregados muitas vezes foram generosos na entrega de vantagens em prol do entendimento.
E  o Governo cederá um pouco de sua mesada, por exemplo?
Sim – aquela amealhada, horáriamente, através dos impostos! Cederá?
Com esse monturo de encargos (saúde, educação, segurança, salários da classe política, executiva, judiciária, diplomática, etc) conseguirá abrir mão de uma bolada para favorecer o resto da sociedade, especialmente a contribuinte?
Com menos tributos – ou – com taxas mais módicas, a sociedade poderá se articular com maior liberdade, criatividade e produtividade. Empregados e empregadores acertarão as pontas e o progresso fluirá. A história conta, no entanto, que tal prodígio nunca aconteceu de maneira mansa e espontânea. Sempre foi preciso um látego para ajustar as vontades.
Será que o Brasil está no contexto histórico ou surpreenderá a todos, resolvendo pacificamente suas questões essenciais?
Na expectativa do óbvio – ou das surpresas, vamos vivendo na esperança de que, um dia, o Brasil chegue onde quer e merece pelas vias institucionais.
Esperança é a última que morre mas a primeira que padece quando as lideranças carecem de boas intenções... E carecem? 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Big o que?

Plim-plim: - aqui tem educação!
Acho que a Globo perdeu o trem ou comprou o trem! Não viajou porque bateu bobeira ou porque não teve vontade.
Que viagem é essa?
É a viagem da qualidade e da anti-mediocridade. É o passeio da sabedoria – a excursão do bom senso – a caravana da ética. Essa viagem a Globo resolveu não fazer quando decidiu-se pelo lixo do comportamento humano denominado, comercialmente, de Big Brother Brasil.
Sem moralismos, é oportuno que se diga que quase tudo o que ocorre naquele reduto é pra lá de humano/normal.
Anormal é fazer disso um negócio sob as expensas de milhões de miolos carentes. Essa exploração compulsória da simploriedade de nosso povão é, a meu juízo, um verdadeiro atentado aos direitos humanos. Acho que não cabe qualquer censura oficial pois, afinal de contas, estamos numa democracia. Mas acho também que programas desse tipo tinham que ser tributados vigorosamente tanto quanto bebidas e perfumes, que, como sabemos, não são bens de primeira necessidade. Enquanto nada disso acontece vamos boiando no mar do descalabro, sob os auspícios do plim-plim, aqui tem educação
Agüente o tormento, pois aqui tem faturamento!
Quinhentos anos se passaram mas nossos índios miúdos continuam fascinados por apitos e espelhos.
O Big Brother sabe disso...
E como sabe...
Viva o Brasil. Viva?

Casar

Passei pelo Cartório e vi aquele “tumulto”. O que será?
Alguém venceu, alguém perdeu – alguém viveu, alguém fenesceu (?)
O que será?
É, simplesmente, um casamento.
É isso aí – como, coca-cola.
Ainda casa-se!
Creia, irmão! E casa-se neste calor e nesta seca. E maio, o solene mês das noivas? Os tempos estão mudando. Será o fim dos tempos?
Para acalmar os ânimos gerais alguém comentou: - “casam-se no verão e vão para a praia”... Que romântico! O que não ficou bem claro é o duelo contraditório: - casam-se para ir para a praia ou vão para a praia, simplesmente, porque casaram-se??
Não importa. O que vale mesmo é o “amor” – com cartório, sem cartório ou apesar do... o amor é lindo e cego – ou – cego e lindo. A ordem desses fatores não faz a menor diferença.
A explosão populacional que o diga...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Não à previsão...

Chega! Estou fora da estatística. Não ouço, não vejo, não leio – e não comento mais o tempo. Saturou!
Hoje em dia temos quase que um instituto de climatologia ou “metereologia” por metro quadrado – ou tempo redondo.
É muita coisa! O clima, o tempo ou os “meteoros” não merecem isso tudo.
Merecer até merecem mas não desse jeito. Há um concursinho particular de beleza entre os “institutos” que, realmente, não somam nada para o progresso da humanidade. É uma verdadeira loteria – um solene achômetro. É uma quiromancia climatológica – uma adivinhação – búzios, cartas, dados, etc.
Consultar uma cigana é mais divertido e, quem sabe, mais verdadeiro.
Um instituto prevê que choverá outro afirma que nem tanto. Um diz que ventará outro diz que isso é boato.
Afinal: - por que temos que ficar como olheiros de ping-pong jogando a cabeça de um lado para o outro, apenas, sem saber quem vencerá?
Amanhã choverá...
Amanhã ventará...
Será?
Então que chova e vente até que alguém mais invente o tempo que fará...

A equipe ideal

Na minha visão o time ideal é aquele formado por desiguais nas virtudes mas iguais no merecimento. Na equipe ideal cada um faz sua parte e todos recebem de maneira equânime pelo todo realizado, coletivamente.
Em um grupo competitivo onde uns ganham oceanicamente mais que outros pouca chance há de se preconizar uma equipe, na verdadeira acepção do conceito. Por que uns ganhariam mais se o resultado é feito (construído) por todos? Essa contradição – injustiça diria – faz a diferença na hora da verdade em uma competição.
Na Europa – escola do mundo – já não há grandes diferenças salariais entre atletas de uma mesma equipe. No Brasil – onde tais “modernidades” custam a chegar – a realidade das “equipes” é bem complexa, especialmente em confrontos internacionais com equivalência técnica.
Estamos perdendo e perderemos muito mais se não corrigirmos essa escandalosa diferença salarial entre os carregadores do mesmo piano...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Público x Privado I

Agora vem a público a informação de que muitos prédios públicos de Porto Alegre funcionam sem “habitese”  há mais de 20 anos. Seria isso possível na área privada? Claro que não. Por que o Estado exige e ele próprio não cumpre suas exigências? Que respaldo legal – e moral – terá para pedir ao cidadão comum o cumprimento rigoroso da lei?
O homem comum e sua empresa comum não podem dever ao Estado, sob pena de severas providências altamente constrangedoras, mas o Estado deve às empresas e às pessoas sem o menor pudor. Mas, afinal, quem é o responsável por tal descalabro? É o governo – sem dúvida – o representante oficial administrativo/gerencial das instituições estatais. E governo, entenda-se, é o conjunto dos executivos (união, estados, municípios) legislativos (Câmara, assembléias, câmaras), Judiciário (primeira instância até corte suprema) e Ministério Público com suas vastas atribuições. Tudo isso é Governo que, por sua vez, fala pelo Estado – que, enfim, somos todos nós.
Mas, convenhamos, a fórmula na prática está cheia de vícios graves.
Quem nos defende do Estado?
Quem nos socorre do Governo?
A alienação ou a revolução?

A ação, a omissão ou a saturação?

Quem? Você decide!... Decide?


Público x Privado II

Perante a lei a diferença técnica entre público e privado é a seguinte: - no âmbito privado “tudo o que não está juridicamente proibido” está juridicamente permitido. Já na área pública é bem o contrário: - “tudo o que não está juridicamente permitido, está juridicamente proibido”.
Perceberam a sutileza?
No mundo privado se pode fazer tudo até que não se possa por vedação legal. No universo público, teoricamente, só se fará o que estiver literalmente definido como legal. Então - se essa questão do “habitese” – que é lei clara, objetiva, positiva sem grandes demandas de interpretação, não é cumprida pelo próprio Estado, através de seu representante legal/institucional que é o Governo – como ficam as diversas questões da inter-relação do cidadão com o Estado a partir desse fato?
Em tempo: - não cumprir preceito legal na área pública é prevaricação. E isso é crime. Portanto punível. Mas – quem acusa? Quem condena? Quem castiga? Quem? O mesmo Estado que não exige de si próprio o comezinho “habitese” para funcionar? Assim vai mal a coisa.