O
assunto: - “remédio infalível para a cura da gripe” – é dos que freqüenta, com
destaque, a galeria das controvérsias e intermináveis debates. Política,
economia, religião, futebol, preferência sexual e gripe são temas que fazem o
homem falar, não o deixam calar e sempre o fazem discordar.
Cada
pessoa tem seu próprio entendimento a respeito da questão. As vezes o tal
entendimento é altamente contagioso e se dissemina como uma peste... No caso da
gripe, por exemplo, houve um tempo em que a recomendação, sem retoques, era o
consumo generoso de alho, cebola e limão. Uma cachacinha para espantar a
preguiça... Funciona??... As opiniões se dividem: - alguns saram e outros
transformam-se em temíveis e furiosos dragões. Os próprios laboratórios
farmacêuticos já não sabem mais o que dizer. Periodicamente estampam novidades
na mídia (sempre caras) para cortar o mal pela raiz. E cortam mesmo, mas
seguidamente levam junto o doente. Conheci um sujeito que ficou tão curado de
uma gripe que hoje anda entediado pelos cantos, pedindo um espirrozinho, com
saudades daquela tosse amiga e frustrado por não mais usar sua rara coleção de
lenços. Continua freguês assíduo das farmácias, mas agora em busca de terapias
para essa tristeza. Lá está ele, sem coriza, sem ardência nos olhos, sem
qualquer esperança de febrícolas, sem dor de cabeça, sem chiado no peito e sem
espirro. Parece uma estátua de granito, cheia de pombos e grilos, mas sem
gripe. Alguém sugeriu que o pobre buscasse sua turma para se alegrar um pouco.
Que procurasse juntar-se ao imenso e festivo contingente dos “sem”...
Invasões,
hinos, bandeiras e enfadonhas audiências oficiais sempre reanimam o ego e podem
até, por um desses prodígios da natureza, resgatar aquele resfriado camarada,
de saudosa memória.
Um
médico experiente me disse que gripe sem remédios se cura em 15 dias; com
remédio, em 14.
O
leiteiro disse que, bom mesmo, é chá de botão. Como?? Isso mesmo: - uma xícara
de chá antes e depois de dois fartos copos de leite. Repetir a dose durante 28
dias, olhando para o poente ao empinar a infusão nos primeiros sete dias.
Depois, para o nascente, nos outros sete, e assim por diante.
E se a
gripe curar antes dos 28 dias?? Continue o tratamento: - para evitar recaídas e
aprender os pontos cardeais.
E se
um distraído engolir um botão??
Bem,
aí o problema maior não será mais a gripe...
Cá com
meus botões acho que essa não é a saída.
Meu
vizinho da frente está desenvolvendo uma teoria interessante. Diz que para a
gripe não existem meias medidas: - a “infame” tem que ser enfrentada com arma
de grosso calibre. Propõe que se “pasteurize” a diaba. Sugere banhos frios
intercalados com chuveiradas rigorosamente quentes. Chás em ebulição e
mastigação de gelo, in natura. Ambientes cálidos na intermitência de correntes
de ar fresco. E cura?? Ainda não se sabe, pois a heróica ciência sempre tem seu tempo experimental
para arregimentar suas linhas e marchar na direção da glória e da verdade.
Nessa batalha, geralmente, se perdem muitos soldados, mas a empreitada terá
valido à pena para a salvação da humanidade. Terá?...
A
posteridade recolherá o ensinamento: - adotando-o ou evitando-o, à qualquer
preço. A idéia é original – resta saber se existem voluntários (corajosos)
dispostos a enfrentar a divertida terapêutica (?). Dizem as más línguas que o
cunhado do dito cujo cientista, primeira (e única) cobaia do experimento, não
sabe mais o que é gripe mas, em compensação, também não sabe mais quem é, onde
está, e nem por quê...(?)
Tosse
pra cá – espirro pra lá, como já dizia meu compadre: - o melhor remédio para a
gripe é um bom repouso a dois dedos de carinho. E convenhamos, não existe
melhor motivo para um repouso, com afeto, que uma boa gripezinha (?). Que
perdoem os alhos e bugalhos, mas essa gripe é fundamental...