sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A camiseta

Foi-se o tempo em que se vestia a camiseta por uma causa, por uma idéia, um partido, um time, uma religião, um ideal.
Vestir a camiseta significava uma inequívoca manifestação de crença, fidelidade, amor, disposição, convicção, luta, desenvoltura, assumição.
Quando, de fato, se assumia uma causa - de partido, do time, do grupo, da grei - era para valer no tempo e no espaço. Era uma decisão soberana à prova dos mais nefastos e poderosos métodos de aliciamento.
Trocar de time, de partido ou de religião era demonstração clara de fraqueza, de safadeza, de tibieza, de dubiedade,
falsidade e toda uma gama de desqualidades.
Na regra geral não se fazia isso antigamente, sob todo ou qualquer pretexto. Não valia dinheiro, ameaças, vantagens,
barganhas, pressões e negociatas.
Falava mais alto a ética, a volição, o caráter, a personalidade, a seriedade, a responsabilidade e o compromisso.
Naquele tempo era assim. Não se lutava em duas trincheiras. Salvo exceções, se honrava a escolha feita. Era um tempo de honestidade prática e confiança sem arestas: - vestia-se a camiseta, de verdade e pela verdade.
Hoje, quem poderá contar com isso?
Times, partidos e greis apostando todas as fichas em santos com pés de barro; em líderes de si mesmos; em ídolos mercenários - gente sem pátria nem bandeira que se vende em qualquer esquina e trai seu grupo por trinta dinheiros e outras porcas lambanças. Gente que nunca vestiu, não veste e não vestirá a camiseta da alma, do coração e da grandeza humana. 
Que lástima! Em quem podemos confiar?
Confiar? Que antigo isso...

Superação

Dia desses conheci Vitória Pires Folgearini. Um doce de menina, colhendo onze anos de viço e juventude. Quando abriu a boca e dedilhou seu violão - com maestria e imensa sensibilidade - moveu e comoveu. Que qualidade!
Que desenvoltura! Não é sempre que podemos desfrutar da companhia e da arte de pessoas desse quilate...
Vitória é deficiente visual de nascença - mas cá entre nós, não deve nada a ninguém. Isso é superação.
Que maravilha! Ganhei valiosos pontos de vida e vivência conhecendo e tendo o privilégio de abraçar Vitória.
Um beijo especial a ela e a todas e todos do seu raro valor.

Clima demente

Chove onde não deve - não chove onde deveria chover. 
Venta onde não pode. Não venta onde pode e deve.
Faz sol forte onde se pede sombra - há sombra onde se quer sol.
Mas, afinal: - o que há com o clima?
Parece que o dito cujo está completamente desvairado. Demente, diria eu. Está fazendo tudo errado. Alguém dirá que o clima está na adolescência...! Acho ousada e injusta a afirmação.
De qualquer forma, penso que algo anormal (definitivo ou passageiro) está afetando o "ego" do clima.
Algo que merece uma análise especial: - coisa do tipo psico-eco-ético-político-esotérico-conjuntural-carnavalesco-astrológico-galático, etc. Carga pesada - coisa profissional, missão para especialistas.
É preciso dar um basta nisso!
Internar o clima?
Eletrochoque nele?
Alguma química de terceira geração?
Psicoterapia de grupo? (sim porque clima não admite andar só - exige, sempre a companhia de uma porção de desgarrados. Pois o clima está demonstrando uns sintomas bem patológicos. Está bem louco: - derrama um balde d'água (dos grandes) onde não precisa e corta os canos da chuva das regiões de produção agrícola. Tem cidade afogada em água e campo pedindo uma gota para sobreviver. O clima é sádico, não há dúvida. E nós somos o que? Masoquistas? Com toda essa tecnologia de previsibilidade e provisionamento, será razoável admitir essa tirania do clima? Será? Acho que não. Temos que reagir, com arte, ciência e técnica. 
Que assim seja - em tempo. 

Por que?

O que todo brasileiro consciente está perguntando agora é: - por que tantos ministérios?
Será que essa ostensiva quantidade promoverá a qualidade?
E essa qualidade fará diferença a favor da vida de todos e cada um de nós?
Meu avô paterno costumava dizer: - “muita gente, pouca claridade”...
Essa é uma observação crítica procedente quando se receita uma multidão para fazer prevalecer algum argumento maior ou razão menor.
Não dá certo: - multidão só faz simetria com paixão. E paixão é bom para compor poesias e formar legiões partidárias. Todas as duas desintegram nossa disciplina interna. 
Onde isso nos leva? 
Quem sobreviver saberá...

Tatuagens

A Brigada não aceitou os escandalosamente tatuados no exame de admissão a salva-vidas. Preconceito? Discriminação? Nada disso: - apenas regra interna consubstanciada por princípios gerais que orientam e sustentam qualquer corporação militar de fundamento que quer cumprir sua missão de defender e disciplinar.
A  uniformidade é vital para qualquer instituição que pretenda desenvolver um trabalho efetivo em prol da segurança, da coletividade e da defesa dos interesses prevalentes de uma sociedade organizada.
A força do todo é o somatório do esforço conjugado de cada um. E para que isso aconteça de fato é fundamental  haver identidade e convergência de formas, meios e propósitos e, por conseguinte, uniformidade de vontades. Tudo isso a favor da comunidade. Como poderá vingar a tal identidade e a tal uniformidade em um exército de desiguais patrocinada pela individualidade das tatuagens e imponderabilidade dos fetiches?
Salvo melhor juízo, tatuagem é fruto de vaidade pessoal. Com tamanha e tão visível subjetividade como será possível empreender um trabalho coletivo a favor da sociedade – defendendo-a – protegendo-a? Como?
Que nos perdoem os tatuados, mas “exército” é para esforçados que, por vocação, idealismo e bondade humana, aceitam o sacrifício da igualdade, da arregimentação e da uniformidade.
Um por todos e todos por um – histórica e grande fórmula de força coletiva – só é e será possível sem as nuances e os caprichos individuais, de natureza estética e formulação vaidosa, expressa através das tatuagens, por exemplo.
É assim que é – porque é assim que sempre deu certo. 

De risco...

Construir em ribanceiras, margens de rios, banhados, mangues, morros, brejais, bem como em áreas desprovidas de saneamento básico é altamente arriscado e deveria ser proibido. A triste situação de tantas pessoas carentes – que na verdade só contam com essa circunstância comprovadamente perigosa – patrocinam a densa povoação dessas áreas de imenso risco.
E os governos só despertam para essa dolorosa realidade, quando, de fato, se tornam reais e dolorosas.
A falta de previsão e provisão é gritante, lamentavelmente.
Falta fiscalização! 
Aquele poder de polícia dos governos, impedindo a construção em lugares impróprios não tem funcionado. Provavelmente por medo de perder clientela especialmente no período eleitoral o universo político prefere deixar para depois medidas que poderiam evitar ou minimizar tragédias como essas do Rio de Janeiro.
Lamentável.

Já repararam?

Que qualquer pessoa empilha meia dúzia de tijolos, encosta algumas táboas e latas em lugar não licenciado oficialmente e logo consegue ligações de água e luz. Mas como consegue fazer isso?
Dizem que há um dispositivo legal – oriundo do vasto imaginário da irresponsabilidade política – facultando a esses pobres brasileiros o livre acesso a esse falso sonho de dignidade. Com água e luz essa pobre gente pensa que tem endereço, segurança, saneamento, respeito e civilidade. 
Ledo engano. 
Continua arriscando a pele e alimentando a indústria do flagelo.
Mas o que esperar de uma classe que majoritariamente, no passado, achou melhor facultar o voto do analfabeto, invés de tentar acabar com o analfabetismo.
O que esperar? 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Soberania I

Chama a atenção o caso desse criminoso italiano, o Batisti, que o Governo Brasileiro decidiu soberanamente não extraditar. E bateu na mesa – para impor medo a quem interessar possa – porque o Brasil é uma Pátria Soberana e disso ninguém duvide. A Itália – que grita e esperneia  querendo seu criminoso de volta – ficou até um tanto intimidada com o festival de bravatas diplomáticas patrocinadas por nosso Itamarati. Mas se é em nome da soberania nacional, que fique aqui, então o maledeto  Batisti.
“Brasília locuta – causa finita”!

Soberania II

Há informes de que milhares de quilômetros quadrados da Amazônia brasileira já estão sob o domínio “soberano” de alguns países, respectivamente: - Estados Unidos, França, Holanda, Bélgica, Inglaterra e tantos outros que consolidaram verdadeiros territórios fechados (e independentes) em plena “selva amazônica brasileira”.
Dizem, até, que lá brasileiro não entra sem pagar – ou até pagando. E não é o português a língua falada nesses territórios. Tudo isso anda acontecendo em nossa Pátria, segundo o relato de gente séria.
E fala-se em soberania...!

O Sistema

Um velho toco de lápis atrás da orelha; um surrado papel de embrulho e uma borracha de taco de sapato usado, prometem voltar a cena de nosso dia a dia. Tão seguidas e graves tem sido as “quedas” do sistema -  deixando todo mundo “off” – que precisamos resgatar a tradicional alternativa do lápis, papel, borracha, máquina facit (de calcular e escrever), registradora manual, carimbinhos, densas tabelas de preços e atendimento rigorosamente  pessoal.
Dia desses, um desavisado, adotando a sistemática do RMF (rápido e mal feito) rompeu um cabo de fibra ótica e deixou tudo e todos fora do ar em Dom Pedrito. Bancos, lotéricas, casas comerciais e toda uma vastidão de usuários (diretos e indiretos) do sistema entraram em parafuso, por várias horas. A confusão foi tão grande, segundo alguns relatos,  que teve gente sem saber mais que idade tinha, qual seu nome, endereço e estado civil. Enfim – o “sistema” reina e não pede. É o caos!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Parlamentarismo II

No presidencialismo o chefe de governo  e o chefe de estado são a mesma pessoa. A promiscuidade mandatária é gritante. Não é raro o chefe do governo invocar razões pátrias para criar artifícios governamentais arrecadatório-escorchantes em benefício de grupos apaniguados. É corriqueiro ouvir-se do Chefe de estado inflamados  discursos em defesa de determinadas safadezas administrativas como se isso fosse uma bandeira nacional. Para evitar essa misturança – essa farra – essa promiscuidade escandalosa – sejamos pela  segmentação do poder. O Parlamentarismo sistematizou de forma magistral e prática essa divisão. Pensemos nisso!
Em tempo: - os corruptos, metidos no poder como piolho em costura, não gostam e não querem isso.
Por que será?

Parlamentarismo I

Continuo achando que o melhor sistema de governo é o parlamentarismo. Nesse sempre há uma divisão “saudável e sanitária” entre Estado e Governo. O chefe de um não se imiscui nos interesses específicos do outro. Chefe de Estado trata das questões magnânimas e representativas da pátria e dos patriotas, da nação e dos nacionais, do cidadão e da cidadania – é o representante do todo contido em cada um. Fala pelo País – é o tutor da soberania – pátria. Já o chefe de Governo mexe com questões administrativas conectadas a diretrizes gerenciais de escopo funcional – utilitário de pouco ou nenhum peso idealístico. Chefe de Governo trata de arrecadar e pagar; projetar e executar; programar e realizar; trata de ações previdenciais e providenciais; pontuais e profiláticas; práticas e burocráticas. É o chamado “mal necessário”. Por isso é preciso trocá-lo periodicamente para não correr-se o risco de viciá-lo em determinadas práticas de mando que habitualmente favorecem amigos, clientes, afilhados, apaniguados e correligionários.
Já o Chefe de Estado – idealmente alguém que real ou simbolicamente represente o sentimento nacional deve ter vida mais longa – se assim o merecer – para garantir a estabilidade do sistema. Será rei, rainha ou simplesmente um presidente. Alguém que detenha a confiança do povo para agir de forma “magistral” – isto é, de forma equitativa – justa – imparcial.
No meu entendimento esse sistema é o que tem maior chance de estabilidade e, portanto o que melhor enfrenta as turbulências das tempestades do poder. Nesse as crises governamentais são raras – portanto sou parlamentarista convicto. E tenho dito!

Comprar x Pagar

O apelo consumista hoje é de tal monta que comprar é relativamente fácil. Difícil é pagar. Especialmente em lojas e mercados onde a disponibilização de caixas e atendentes sempre está aquém da demanda. Muitos desanimam e desistem da compra. Entrar em fila – esperar – e depois enfrentar uma verdadeira batalha burocrática para satisfazer o sistema é dose mortal para a paciência das criaturas. Esse gargalo do pagamento em caixas e guichês, em lojas e mercados tem que ser revisto e otimizado. O dia em que comerciantes mais espertos sintonizarem esse problema com intenções de solucioná-lo, deixarão todos os outros chupando o dedo.

Farmácias

Chama a atenção a quantidade de farmácias que há pelo Brasil à fora. Das duas, uma: - nosso povo é muito doente ou o negócio é bem lucrativo. Dizem os entendidos que é tudo isso e nada disso. Dizem que é um segmento comercial como qualquer um outro com artigos de primeira necessidade. Sustenta-se pela natureza do negócio, pois sempre há consumidores – muitos consumidores – e sobra para todos os empresários. Não é teoria. É uma explicação em cima dos fatos. Em Dom Pedrito, por exemplo, temos em torno de quinze farmácias – quase que uma para cada dois mil e quinhentos habitantes. E todas ótimas, sortidas e muito bem atendidas. Que bom!

Verão

Com o sol a pino, torrando o pasto, a pele e o ânimo, lá vem o verão, pondo as pessoas para fora das tocas e o corpo para fora das roupas. Quase tudo tem sabor de festa que se espraia na preguiça da sesta e na lentidão dos gestos, que sempre se ajeitam nas dobras fofas, onde boceja um tempo de sedução e transpiração. Verão que a andorinha não faz sozinha, evapora promessas sérias, seca desejos responsáveis, aclara circunstâncias comezinhas e cozinha propósitos que se esvaem em folias de um bissexto fevereiro de acasos.
Verão que se sacia nas águas de março, mas que ainda suspira em maio. Estação do descanso mais cansado que a humanidade conhece. Tempo de planejar e arriscar... Tempo de matar moscas, espantar mosquitos, pisar gafanhotos, evitar jararacas – tempo de perigar...! E as noites?... – pegajosamente quentes – como se fossem caramelos lambuzados nas mãos de crianças choronas – enchem os baleiros de nossos segredos, na prateleira dos medos... Um pingo de suor ardido, escorrerá pela testa libertada da esperança para que uma lágrima agridoce não caia pela face da desventura aprisionada. Esse é o verão de nosso interior, repleto de sons, cheiros e cores, particularmente universais, sob sol torrente, que a santa sombra nos proteja, fechando seu ciclo ardente de magia e graça. O verão passa, verão. Verão?... 

Lei e fiscalização

Já deu pra ver que não basta parir leis a torto e a direito só para cumprir tabela. Mas, infelizmente, é o que se vê por aí. Deputados e vereadores febrilmente fabricando normas e regras para, enfim não serem cumpridas. Por que?
Por falta de fiscalização. A lei das filas bancárias, por exemplo, é puro adereço protocolar/curricular. É só para constar no currículo de feitos e bravatas do parlamentar que a gerou. Na prática não produz efeito algum. Falta fiscalização e falta empenho do representante. É preciso que se compreenda, de uma vez por todas, que nada acontece positivamente se não houver incômodo. Então?! Lei é o de menos. Fazer cumpri-la é que é o desafio – e a incomodidade.

Auto-aumentos

Daqui da planície, assistimos, atônitos a farra dos auto-aumentos do salário de nossos representantes. Deputados federais e estaduais e vereadores votando sofregamente o reajuste de seus próprios salários. Alguém já sugeriu que cada segmento social faça o mesmo. Professores, policiais, agentes de saúde, motoristas, barnabés, aposentados e por aí vai, deveriam ter, também, a prerrogativa de ditar os próprios proventos. Por que uns podem e outros não? Que diabo de privilégio é esse? E mais – será que os representantes não estão ganhando escandalosamente mais que o ganho médio dos representados?
Uma vergonha! E tudo isso em nome da democracia...
Pobre de nós e de Aristóteles, Platão, Sócrates e tantos outros bravos gregos que gemeram e penaram em prol do progresso da sociedade humana.

Gratidão II

Sem qualquer ânimo discriminante  e preconceituoso continuo parametrando o caráter das pessoas pelo prisma da gratidão. E não tenho errado, felizmente. As qualidades do grato – o verdadeiramente grato – são insuperáveis na dimensão humana. O grato é bom ou rigorosamente tendente a bondade. É na gratidão que as virtudes intrínsecas da pessoa se manifestam de maneira insofismável. O movimento interior mais profundo que é o de encontrar um deus em si ou estar no coração de um em qualquer lugar, é um ato de gratidão. Dirão alguns que isso é fé. E fé não é, no fundo, uma demonstração clara de gratidão?
Neste natal, portanto, é desejável estar entre pessoas gratas pois só assim saberemos que estamos entre amigos.
Boas Festas a todos.

Gratidão I

Na minha opinião, o mais nobre traço de caráter é a gratidão. Para que uma pessoa atinja o verdadeiro estágio da gratidão – aquele sentimento sincero, sereno e inquebrantável de reconhecimento – é preciso que tenha passado, vivencialmente, por outras fases.
O grato é generoso, compreensivo, inteligente, brioso, polido, modesto e profundamente terno. A sensibilidade, a lucidez, a devoção e a sociabilidade são sempre fartas e pródigas nos indivíduos gratos. Gratidão faz simetria com lealdade, honestidade e bondade.
A gratidão é o inocente desnudamento da alma. É o brilho mais genuíno do espírito. É o parâmetro mais justo e adequado para as grandezas da solidariedade humana. Quem agradece vê além de si mesmo – transcende! A gratidão é o reconhecimento inquestionado das qualidades dos outros e o fortalecimento das próprias.
Os egoístas, os invejosos, os pretensiosos jamais conseguirão ser gratos. Os mesquinhos, os avaros, os torpes, os desinteligentes e os desbriados nunca terão motivo, razão nem coragem de agradecer.
Gratidão é uma qualidade que só passa pelos tênues fulcros da auto-crítica. O grato é sempre sumamente humilde mas nunca humilhado. O grato é modesto, mas jamais vulgar.
No mundo bravio e altamente competitivo em que vivemos, que valha, enfim, a máxima de nossa cotidiana e tão verdadeira vivência: - agradece quem pode, seja ingrato quem precisa... Gratidão é fartura. O contrário é miséria...