quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Como seria?

Como seria?
Continuo filiado ao grupo que lamenta e condena regimes políticos autoritários, arbitrários e por conseguinte, anti-democráticos. No meu ponto de vista as ditaduras são rigorosamente condenáveis em qualquer tempo, sob qualquer pretexto, venham de onde vierem.

Na esteira de tais recriminações vem a ojeriza especial a “abusos” dos ditos regimes de exceção: supressão de garantias e direitos individuais; invasão de privacidade; constrangimentos de toda ordem, censura a livre manifestação do pensamento; restrições artístico- culturais, enfim, tudo o que de fato representa um regime ditatorial.Condenável!

Na história brasileira temos, infelizmente, o registro de situações que, na essência e na forma, se identificam com o malfadado regime autoritário.
O Estado Novo, por exemplo, sob a batuta de Getulio Vargas patrocinou momentos de agonia e de desespero ao povo brasileiro. Mas, inexplicavelmente, disso poucos lembram.
Bem lembrados são os denominados “anos de chumbo” chancelados pela “revolução de 64” ou “golpe de 1º de abril”.

E aí são pródigos e  intermináveis os discursos, relatórios, declarações e depoimentos, a respeito dos fatos. Tudo lautamente contado e cantado em verso e prosa. De um lado os que explicam e justificam o “movimento”, de outro os que o condenam sem apelação.

Dizem os historiadores de ofício -  os imparciais e portanto confiáveis – que  a “revolução ou golpe de 64” foi a imperiosidade da “direita” sobre a “esquerda”; foi a prevalência de uma ala do mundo sobre a outra, identificando a liderança norte-americana de um lado e a força soviética de outro, na encenação ininterrupta e cheia de truques da denominada “guerra fria”!
O anti-comunismo foi a bandeira do “movimento de 64” e, sem contestação, essa foi a grande motivação do levante. Pelo menos esse foi o argumento público que teve na oportunidade a anuência da maioria do povo brasileiro.

Depois o “movimento” teve suas fases de desvirtuamento como todo e qualquer “movimento” que se oriente pela exceção. Contabilizou realizações e decepções; teve adeptos e contestadores; venceu em algumas iniciativas e perdeu em muitas quando, intempestivamente, avançou sobre o sagrado terreno da liberdade das pessoas.

No balanço geral sempre fica a indagação: - considerando as circunstancias histórico: – existênciais daquele momento brasileiro teria sido possível produzir outra resolução? Ou teremos que metabolizar, necessáriamente, tudo o que aconteceu, sob o indefectível argumento social, como em todas as culturas, entendido como o indecifrável “mal necessário”?
Pensar  sobre o tema é fonte inesgotável de aprimoramento intelectual, sem dúvida.

O senso crítico dos brasileiros de bem, distante da raiva obscurantista, nunca perdeu o referencial da verdade, e sempre soube, sabe e saberá reconhecer o que foi útil nesse período, assim como jamais vai esmorecer na implacável condenação aos erros e abusos cometidos nesse tempo de arbitrariedades.

Com a mesma independência intelectual, por pura curiosidade, esses mesmos brasileiros de bem, com afinado senso critico gostariam de saber como teria sido se o outro lado tivesse vencido(?)

O outro lado tinha como modelos a União Sovietica, a China, Cuba, Albania e outros. Países que na época eram públicamente adeptos do chamado Estado Totalitário. A União Sovietica ruiu, a China trocou de trilho, a Albania sucumbiu e Cuba continua sem dar a menor chance a oposição.
Como seria se esse bloco fosse o vencedor naquela longíngua rêfrega de 64?
Como seria? Será que as liberadades individuais seriam respeitadas?
E as instituições democráticas conservariam sua integridade?
Como seria? Perguntar enriquece a consciencia...
Responder mais ainda!

Um comentário:

  1. Amigo Pacase,
    Como sempre, concordo plenamente contigo.
    E essa pergunta, historicamente falando, sempre me fiz: "Como seria?" Mas como já confessei em outro post, vou mais além na minha fixação por tempos passados.
    Na época de "Tordesilhas", como seria se estivéssemos até hoje sobre os domínios da Espanha? (país que tanto admiro).
    Como seria, se D. Pedro não conhecesse as margens do Ipiranga?
    Será que teria orgulho de bater no peito e dizer: "Eu sou europeia!"?
    Um certeza eu tenho,a de bater no peito e dizer: "Eu sou brasileira, gaúcha e pedritense!"
    Um abraço carinhoso, fico no agurdo da próxima postagem.

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