sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A Equação


Aquele assalto, semana passada, bem ali nas beiradas da praça central, foi duro golpe para a mansidão interiorana de Alencar. De repente acenderam-se as luzes urgentes do medo e da desconfiança.
            Deixar a porta destrancada? – nem pensar. O perigo anda solto, tem nome, endereço e CPF, podem crer.
            Pois, submerso nesse mar de contratempos foi que o criativo Alencar interpôs uma equação de difícil solução. Do fundo de sua imaginativa cachola trouxe a seguinte questão: - Batem à porta, vou atender, abro e topo com um sujeito bem fornido empunhando arma de fogo que imperativamente diz: “Abra o cofre!”
            Em risco, eu e minha família, não me resta outra alternativa senão abrir o cofre e entregar, de mão beijada tudo o que ali estiver, fruto de grande e demorado esforço.
Mas, cadê o cofre?
Pois é – esse é o problema.
De qualquer forma o drama está em curso: Não tenho cofre e portanto, com justa razão, o assaltante frustrado não poupará minha vida nem a dos meus. Com uma casa dessas, com garagem, sacada, luz por todo lado e não tem cofre? Morrerei por não tê-lo.
Se tivesse, apenas perderia. Cá entre nós, para alguns perder dinheiro é o mesmo que morrer! Cá entre nós...
Retomando à questão é oportuno que se diga que Alencar transita ainda apenas no terreno das hipóteses. Nada sério felizmente aconteceu, até o momento, a ele e sua família. Mas considerando seu agudo espírito precavido é indesprezível sua proposição questionativa: Se não tenho cofre, morro. Se tenho, perco. Como equilibrar essas duas porções vitais de maneira satisfatória para gáudio geral da platéia?
Como? Ora, muito simples. É só armar dois cofres (daqueles de novela, escondidos atrás de quadros mirabolantes), um para o ladrão outro para o patrão... No primeiro o suficiente, no segundo o importante.
Enganar ladrão não é fácil – mas o Alencar sabe!
Veremos... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário