Aquele assalto, semana passada, bem
ali nas beiradas da praça central, foi duro golpe para a mansidão interiorana
de Alencar. De repente acenderam-se as luzes urgentes do medo e da
desconfiança.
Deixar a
porta destrancada? – nem pensar. O perigo anda solto, tem nome, endereço e CPF,
podem crer.
Pois,
submerso nesse mar de contratempos foi que o criativo Alencar interpôs uma
equação de difícil solução. Do fundo de sua imaginativa cachola trouxe a
seguinte questão: - Batem à porta, vou atender, abro e topo com um sujeito bem
fornido empunhando arma de fogo que imperativamente diz: “Abra o cofre!”
Em risco, eu
e minha família, não me resta outra alternativa senão abrir o cofre e entregar,
de mão beijada tudo o que ali estiver, fruto de grande e demorado esforço.
Mas, cadê o cofre?
Pois é – esse é o problema.
De qualquer forma o drama está em
curso: Não tenho cofre e portanto, com justa razão, o assaltante frustrado não
poupará minha vida nem a dos meus. Com uma casa dessas, com garagem, sacada,
luz por todo lado e não tem cofre? Morrerei por não tê-lo.
Se tivesse, apenas perderia. Cá entre
nós, para alguns perder dinheiro é o mesmo que morrer! Cá entre nós...
Retomando à questão é oportuno que se
diga que Alencar transita ainda apenas no terreno das hipóteses. Nada sério
felizmente aconteceu, até o momento, a ele e sua família. Mas considerando seu
agudo espírito precavido é indesprezível sua proposição questionativa: Se não
tenho cofre, morro. Se tenho, perco. Como equilibrar essas duas porções vitais
de maneira satisfatória para gáudio geral da platéia?
Como? Ora, muito simples. É só armar
dois cofres (daqueles de novela, escondidos atrás de quadros mirabolantes), um
para o ladrão outro para o patrão... No primeiro o suficiente, no segundo o importante.
Enganar ladrão não é fácil – mas o
Alencar sabe!
Veremos...
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