No aniversário de Alex, o amigo Jonas lhe deu um cachorro de
presente. Era tudo o que podia dar naquele momento. Mal sabia Jonas que Alex,
rico e cheio de mimos, desprezava presentes de valor inferior a ouro, prata e
rubis.
Alex disfarçou o gosto pelo mimo e deixou o tempo correr.
Na primeira oportunidade tentou se livrar do incômodo. Na
calada da noite fria foi a beira do penhasco e de lá jogou o cãozinho intruso
para perder-se no mar profundo.
Naquele arrebatamento, o cachorro percebendo a nefasta
intenção debateu-se tentando defender sua vida. E nessa sofreguidão enlaçou a
pequena pata na corrente de ouro de muitos quilates do cruel Alex. Caiu mas
levou consigo a valorosa joia do desalmado.
Já no luxo e sossego de sua mansão Alex lamentava a perda
irreparável, praguejando presente tão brega e cão deveras imprestável. Aquela
corrente de ouro maciço era seu mimo predileto. Que cão vadio e ordinário esse
que mesmo sem servir para nada tinha lhe roubado quase tudo...
No meio desse temporal de ódio, ouviu um sutil ruído em sua
rica porta. Foi conferir e deparou-se com o cão imprestável, agonizando mas com
seu cordão de ouro entre os dentes tremendo de frio e desprezo.
Julgamento errado jamais será perdoado.
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