Sempre tive dificuldades especiais na
conciliação do mais e do melhor, no trato das essencialidades da
vida. Confesso que tenho escandalosa preferência pelo mais quando se
fala, por exemplo, em mais tentos a favor do meu time, mais água em tempo de
seca, mais dinheiro no bolso, mais feijão no prato dos brasileiros e por aí.
Mas quando se discute a qualidade de vida das pessoas no contexto público ou na
realidade interpessoal declaro, de sã consciência, que voto no melhor e pronto.
Quando se invoca saúde, educação e
segurança, só para citar, quero o melhor e não me contento apenas com o mais.
A quantificação não resolve o problema nessas áreas assim como o aumento na
parelha de burros puxando a carroça não encurta o trajeto entre o aqui e o lá. Melhor
saúde é sempre mais eficiente do que o mais saúde, pois o
conceito do mais não cura e o melhor tem boa chance de fazê-lo.
Quem quebra uma perna, ou tem o corpo
invadido por vírus não precisa de mais mas sim de melhor
tratamento para vencer esse percalço. Mais tem conotação de guerra no
enfrentamento aberto em campo de batalha como se fazia na antiguidade, assim
conta a história.
Melhor é o trato inteligente, tecnicamente
adequado e eficaz para vencer a luta a favor da sanidade.
Da mesma forma, na educação: - não
basta encher escolas, para não ensinar o essencial. É preciso preenche-las melhor
para que se transmita o conhecimento proativo, que pode, de fato, mudar o mundo
e a vida.
Melhor segurança sempre invés de mais,
pois, na verdade, não é a quantidade de soldados que faz a diferença na batalha
e sim o preparo e a competência dos guerreiros que alcança o domínio no
combate.
Então, cuidado, com esses conceitos
soltos por aí ao sabor da fragilidade circunstancial do mundo e das pessoas. O mais
está sempre mais afeito ao discurso público e ao proselitismo político, tem a
compleição da quantidade que faz simetria com a quantificação dos
votos que por sua vez tem pleno êxito na fatura eleitoral.
Infelizmente nossa democracia ainda
não contempla a qualificação do sufrágio. E se o fizesse não seria
discriminação ou elitismo como pensam alguns populistas de poucas luzes, e sim
seria o empenho da consciência, o aprimoramento do senso crítico, a qualificação
da escolha: - comportamentos e condutas que só fazem bem ao todo porque
priorizam, distinguem e definem governos probos, eficientes e comprometidos com
o bem público. Ganharíamos todos, de uma vez só, votando no melhor e
deixando o mais para assuntos comezinhos ao alcance da relação esportiva
ou lúdica de nossa sociedade.
Jobs não tinha mais tecnologia
e sim melhor tecnologia em seu Aple. Recentemente um incêndio no Porto
de Santos não exigiu mais água para ser apagado e sim melhor
aplicação de meios (incluindo água) para ser debelado.
A Alemanha não tinha mais
jogadores e sim melhor equipe para decretar o placar de sete a um sobre
nossa seleção.
Historicamente o Brasil venceu
guerras, como a dos 33 orientales, com menos gente, mas sobejamente mais
preparada.
Qualidade mais que quantidade faz a
diferença nos embates das essencialidades da vida e do mundo.
Pensemos nisso – bem melhor do
que simplesmente mais.
Não é a quantidade do pavio mas sim a
qualidade da vela que faz a chama.
Então, assim é – e que assim seja.
Votemos hoje, aqui e agora, mais pelo melhor do que melhor pelo
simplesmente mais.
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