quinta-feira, 16 de abril de 2015

Mais ou melhor (?)


Sempre tive dificuldades especiais na conciliação do mais e do melhor, no trato das essencialidades da vida. Confesso que tenho escandalosa preferência pelo mais quando se fala, por exemplo, em mais tentos a favor do meu time, mais água em tempo de seca, mais dinheiro no bolso, mais feijão no prato dos brasileiros e por aí. Mas quando se discute a qualidade de vida das pessoas no contexto público ou na realidade interpessoal declaro, de sã consciência, que voto no melhor e pronto.
Quando se invoca saúde, educação e segurança, só para citar, quero o melhor e não me contento apenas com o mais. A quantificação não resolve o problema nessas áreas assim como o aumento na parelha de burros puxando a carroça não encurta o trajeto entre o aqui e o lá. Melhor saúde é sempre mais eficiente do que o mais saúde, pois o conceito do mais não cura e o melhor tem boa chance de fazê-lo.
Quem quebra uma perna, ou tem o corpo invadido por vírus não precisa de mais mas sim de melhor tratamento para vencer esse percalço. Mais tem conotação de guerra no enfrentamento aberto em campo de batalha como se fazia na antiguidade, assim conta a história.
Melhor é o trato inteligente, tecnicamente adequado e eficaz para vencer a luta a favor da sanidade.
Da mesma forma, na educação: - não basta encher escolas, para não ensinar o essencial. É preciso preenche-las melhor para que se transmita o conhecimento proativo, que pode, de fato, mudar o mundo e a vida.
Melhor segurança sempre invés de mais, pois, na verdade, não é a quantidade de soldados que faz a diferença na batalha e sim o preparo e a competência dos guerreiros que alcança o domínio no combate.
Então, cuidado, com esses conceitos soltos por aí ao sabor da fragilidade circunstancial do mundo e das pessoas. O mais está sempre mais afeito ao discurso público e ao proselitismo político, tem a compleição da quantidade que faz simetria com a quantificação dos votos que por sua vez tem pleno êxito na fatura eleitoral.
Infelizmente nossa democracia ainda não contempla a qualificação do sufrágio. E se o fizesse não seria discriminação ou elitismo como pensam alguns populistas de poucas luzes, e sim seria o empenho da consciência, o aprimoramento do senso crítico, a qualificação da escolha: - comportamentos e condutas que só fazem bem ao todo porque priorizam, distinguem e definem governos probos, eficientes e comprometidos com o bem público. Ganharíamos todos, de uma vez só, votando no melhor e deixando o mais para assuntos comezinhos ao alcance da relação esportiva ou lúdica de nossa sociedade.
Jobs não tinha mais tecnologia e sim melhor tecnologia em seu Aple. Recentemente um incêndio no Porto de Santos não exigiu mais água para ser apagado e sim melhor aplicação de meios (incluindo água) para ser debelado.
A Alemanha não tinha mais jogadores e sim melhor equipe para decretar o placar de sete a um sobre nossa seleção.
Historicamente o Brasil venceu guerras, como a dos 33 orientales, com menos gente, mas sobejamente mais preparada.
Qualidade mais que quantidade faz a diferença nos embates das essencialidades da vida e do mundo.
Pensemos nisso – bem melhor do que simplesmente mais.
Não é a quantidade do pavio mas sim a qualidade da vela que faz a chama.
Então, assim é – e que assim seja. Votemos hoje, aqui e agora, mais pelo melhor do que melhor pelo simplesmente mais.

                       

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