É fato que a realidade da lei
brasileira favorece a instrumentalização do crime, através da inserção do menor
em ações anti-sociais.
A inimputabilidade de indivíduos
menores de 18 anos, propicia e, de certa forma,
incentiva a prática de atos criminosos, pela falta, de dispositivo penal
próprio que coíba e discipline condutas do tipo no contexto da maioridade
convencionada. E isso é, ou tem se constituído em problema real e atual em
nossa sociedade.
O debate sobre a redução da
maioridade penal, que assumiu caráter urgente, nos dias de hoje, pela lauta
exposição de fatos críticos que tem povoado nossos noticiários, compromete os
parâmetros de harmonia e sustentabilidade da própria sociedade como ente de
conteúdo contratual, no simplismo dos à
favor de um lado e os contra de outro. Isso é pouco para objetivar solução
satisfatória.
É preciso intelectualizar, culturizar
e de preferência racionalizar a discussão, bem longe de pruridos ideológicos e
ou de questiúnculas politico/partidárias.
As últimas pesquisas demonstram que
quase 90 por cento do povo brasileiro indica que algo deve ser feito a
respeito.
Aqui e ali aparecem argumentos do
tipo: - “sou contra porque a realidade prisional de nosso país é caótica e não
resolverá a questão, porque, enfim, lhe falta o prodígio da ressocialização,
condição fundamental para se mandar qualquer ser para a cadeia e com mais razão
ainda um “menor” indefeso!
Mas isso só, não é argumento
suficiente para arguir contrariedade absoluta ao tema, da mesma forma que não é
plausível ser contra a eletricidade por não se ter um poste adequado para
sustentar, tecnicamente, os fios que conduzem essa benésse.
Os meios não podem condicionar os
fins, da mesma maneira que será
ignorância, em clima de fúria tribal, descartar os benefícios da aviação
simplesmente porque não se tem um campo de pouso circunstancialmente apropriado
para o pouso.
O problema do menor inserido em atos
criminosos com efeito de progressão geométrica sem qualquer dispositivo de
proteção ao contrato social, é real, atual, fático e dramático.
Aos que “carnavalescamente” – diria alienadamente,
verberam oposição absoluta a proposta de redução da maioridade penal, rogue-se
que os mesmos apresentem sugestões plausíveis, e acima de tudo, exequíveis para
encaminhar solução para o problema.
O problema existe – está aí para
todos nós sorvermos e sustentarmos onerosamente.
Não basta ser apenas contra. Se a
redução da maioridade penal não é tentativa objetiva para encaminhar solução
para o problema do compulsório uso do menor instrumentalizando a criminalidade,
então, o que será?
É preciso apontar alternativas: -
apresentar propostas para mudar esse status quo.
Não é razoável ser apenas contra o
debate do tema assim como não é inteligente ser contra a água tratada
simplesmente porque ainda não se tem o cano próprio para sua condução. Dizer-se
que se é contra a redução da maioridade penal porque a situação prisional brasileira é cruel, será
o mesmo que condenar a geometria porque a régua está quebrada...
A aviação, a eletricidade, a
geometria e a água potável, são descobrimentos, inventos e conquistas
inalienáveis da humanidade sob todos e quaisquer aspectos. A redução da maioridade penal se insere nesse contexto
dos valores absolutos que sustentam uma sociedade na simetria da civilidade de
convivência, e na qualidade de vida para seu progresso e permanência.
Só dez por cento do mundo ainda não
decidiu a seu favor nessa questão. O Brasil, infelizmente, está nesse time
indeciso: - não sabe o que quer porque, na verdade, não sabe o que, nem como,
nem quando e quanto pretende.
Quando, enfim, teremos a maturidade e
a sabedoria de admitir, com humildade dignificante, que o que é bom para o
mundo para nós mal não é nem será?...!
Nenhum comentário:
Postar um comentário