Bons tempos aqueles em que se podia confiar no
tempo. Naquela época o inverno vinha no inverno, o verão no verão, e assim por
diante. Mas, hoje...(?)!... quem pode confiar??
Vivemos
o auge do tempo dos fenômenos. Há um clima estranho no ar e vice-versa.
Dia desses, vi algo
inusitado (para mim) e, de certa forma, preocupante: um “barreiro” fazendo sua casa no chão e na
beira de uma sanga.
Pelo que sei – (será que sei?), barreiro é um bicho
que voa e não morre de amores por água. Mesmo assim tentava erigir seu castelo
bem na planície, ao sabor das inundações e dos charcos especiais. Que razões
terá para assim se comportar! Por que muda seus hábitos? O que é isso,
barreiro?
Você, um competente e
inspirado construtor que sempre ergueu sua casa em lugares altos, “seguros”,
práticos e funcionais – agora, sem um motivo aparente, resolve eleger o patamar
das formigas, das cobras, das lagartixas, etc..., por que? O que é isso?
E percebam a contradição, o
paradoxo, o absurdo. No tempo em que o barreiro fazia sua casinha no ápice dos
postes, no travessão das porteiras e na cumieira dos galpões tinha os “pés no
chão”.
Mostrava coerência e boa
conveniência com seus conhecidos e costumeiros comandos intuitivos. Mas agora
que põe os pés no chão, sem senso crítico, perde pêlo e sua decisão perde
critério, oportunidade e sentido... Sentido? Oportunidade? Inundação?
Em tempo – Alguém mais
experiente me socorre, informando que o barreiro não enlouqueceu nem está
querendo liderar a nau dos amotinados. Dizem os entendidos que o barreiro está,
isto sim, sendo mensageiro das decisões e diretrizes do governo natural. Há
quem jure que o barreiro “sabe” que não vai chover tão logo e por isso não teme
levantar seu barraco nos rés do chão, bem na beira da sanga. Será? É muito
provável!
O barreiro pode estar
errado? Até pode – dizem os técnicos. Por sensibilidade ou outra limitação do
gênero, bem pode que o “barreirinho” tenha lido mal o recado da mãe natureza.
E terá sido um pequeno
engano, sempre involuntário, de parte a parte. A natureza jamais mente para si
própria. E o barreiro é pena de sua vasta asa, portanto, sabe o que se passa no
coração dos prognósticos naturais, salvo, como disse, rápidos enganos. No
fundo, o barreiro sabe que a natureza sabe
que o barreiro sabe que a natureza sabe e faz. Existe uma cega confiança
mútua.
Se a natureza disse que não
vai chover tão logo, por que não levantar um belo recanto onde a água não
chegará?
Se a natureza falou – tá
falado. Salvo melhor juízo, o homem pode confiar no barreiro. E o barreiro pode
confiar no homem?
E por que não? E por que
não?...
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