Certa
feita fui buscar, no vizinho Uruguai, um lugar ao sol. Procurei na universidade
de direito da pátria irmã, um espaço de luta por ideais humanistas.
Na
entrada do prédio topei com uma proposição contundente mas na minha opinião
justa e procedente. Um cartaz em letras garrafais dizia: “los dolares que
sobran es la libertad que falta”.
Naquele
tempo os acirramentos ideológicos iam bem além da pele. Direita e esquerda
duelavam sem sossego em um cenário dominado imperativamente por russos e
americanos. E a massa de manobra nessa tempestade era, inevitavelmente, a
juventude estudantil.
Nesse
embate valia tudo! De um lado a famosa “aliança para o progresso” e de outro a
utopia comunista com “o povo no poder”.
No
débito das propostas respectivas impunham-se o muro de Berlim, um
escândalo de arbitrariedade, e a tolerância com regimes ligeiramente
autoritários esparramados nas chamadas repúblicas das bananas, onde figurava
fagueiramente o Brasil. Igualmente um abuso na visão do humanismo universal,
conceito impregnante de muitas consciências alegremente juvenis. As escolhas
eram romanticamente adolescentes mas os comportamentos massivos eram
compulsoriamente deslocados desse fulcro. Na prática e na ação não era
permitido frequentar a independência de ideias. Era forçoso empreender uma
posição de confronto e assumir uma atitude impositiva.
De
um lado os comunistas – de outro os outros.
E
assim tecíamos nosso cotidiano dos sonhos sociais.
A
dialética era pão comum na vida dessa juventude cheia de hormônios em prol do
bem para todos. Idealizar era a moeda forte dessa gurizada impetuosa sem
internet, sem cocaína, sem televisão e sem os entorpecentes do conforto
histórico/existencial. Nossa luta era aberta, frontal e sem anestesias. Nosso
confrontos não eram no grito: - debatíamos no terreno das ideias. Mas, é
honesto dizer, que nos sobrava pouco espaço para pregar e preconizar uma
terceira via.
O
chamado alinhamento era praticamente obrigatório.
De
um lado o comunismo da potente União Soviética e de outro o vigor e a
abundância do poder capitalista. Morrer guilhotinados ou enforcados? Que
escolha justa nos propunha o mundo?
Brigar,
sofrer, sucumbir era o que a realidade de então nos impunha optar.
Sem
outra a saída fizemos, tempestivamente, nossas escolhas heroicas e jamais nos
sentimos acossados pelos aterrorizantes fantasmas dessa circunstância.
Pregamos,
de peito aberto, com camisas desfraldadas, comunismo e capitalismo querendo,
desejando e sinceramente propugnando o bem de todos, sem distinção de raça,
condição econômica, credo, nacionalidade e opção política. É da natureza do
jovem querer, aqui, agora e sempre, tudo para todos, como se o mundo um paraíso
fosse, disponível a quem quiser ser feliz.
No
entanto, apesar de todas as projeções, e em que pese as mais imarcescíveis
intenções, continuamos questionando: - “dos dois lados sobram dólares para
solapor a liberdade dos verdadeiros idealistas”.
Nesse
contexto a idealização dos genuínos libertários ainda não foi deveras e
plenamente satisfeita. E, afinal quando será?
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