sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A camiseta

Foi-se o tempo em que se vestia a camiseta por uma causa, por uma idéia, um partido, um time, uma religião, um ideal.
Vestir a camiseta significava uma inequívoca manifestação de crença, fidelidade, amor, disposição, convicção, luta, desenvoltura, assumição.
Quando, de fato, se assumia uma causa - de partido, do time, do grupo, da grei - era para valer no tempo e no espaço. Era uma decisão soberana à prova dos mais nefastos e poderosos métodos de aliciamento.
Trocar de time, de partido ou de religião era demonstração clara de fraqueza, de safadeza, de tibieza, de dubiedade,
falsidade e toda uma gama de desqualidades.
Na regra geral não se fazia isso antigamente, sob todo ou qualquer pretexto. Não valia dinheiro, ameaças, vantagens,
barganhas, pressões e negociatas.
Falava mais alto a ética, a volição, o caráter, a personalidade, a seriedade, a responsabilidade e o compromisso.
Naquele tempo era assim. Não se lutava em duas trincheiras. Salvo exceções, se honrava a escolha feita. Era um tempo de honestidade prática e confiança sem arestas: - vestia-se a camiseta, de verdade e pela verdade.
Hoje, quem poderá contar com isso?
Times, partidos e greis apostando todas as fichas em santos com pés de barro; em líderes de si mesmos; em ídolos mercenários - gente sem pátria nem bandeira que se vende em qualquer esquina e trai seu grupo por trinta dinheiros e outras porcas lambanças. Gente que nunca vestiu, não veste e não vestirá a camiseta da alma, do coração e da grandeza humana. 
Que lástima! Em quem podemos confiar?
Confiar? Que antigo isso...

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