A pequena semente de alecrim rodeara muitas vezes
antes de sumir na fenda da gruta selvagem. Um barulhinho sutil de infinito
engulia a seiva da mata, perenizando o movimento da vida. Lá dentro caberia o
universo inteiro...
Os olhos de Pedro também entravam terra adentro,
marejados de saudade.
Lágrimas antigas eram gentilmente sorvidas pelo
diminuto buraco, para todo o sempre ou nunca mais...
Que mistério existe nesses sumidouros da existência,
que tragam, sedentamente, toda a leveza do ser?...? Serão gargantas de deuses
esfomeados aliviando a angústia da eternidade?? Ou bocarras de diabos famintos,
degustando a fraqueza das criaturas e das coisas??...
Dia após dia por ali escoam os procedentes líquidos
do mundo, cumprindo-se a insondável vontade de uma força estranhamente natural.
E nesse caldo submergem pedaços da vivência,
punhados da história, grãos de circunstâncias, farelos da vontade, átomos da
paixão, fractais da dúvida, moléculas da fé, gotas de humanidade, poeira de
verdades, sementes, pétalas, troncos, contas, paus e pedras...
É o sangue derramado na batalha; a saliva pingada no
desejo; o suor vertido no trabalho; a adrenalina conjugada no susto; o espirro
da saúde; o chorume do ataúde; a água benta no batismo; a cachaça do aflito; o
vinho da vitória; a chuva da memória; o granizo da loucura...
Por ali tudo se esvai...
É o rio dos conquistadores; o mar dos descobridores;
a gasolina das guerras; o chá dos penitentes; o suspiro dos viventes; a lagoa
dos mistérios; a equação dos critérios; a cerveja dos inconscientes; o xarope
dos desvalidos; o escarro dos prometidos; o soluço dos desgarrados; a bênção
dos escolhidos; a tosse dos inveterados...
Misteriosas gárgulas que engolem o universo inteiro.
De lá nada reflui – nada volta. A engolição definitiva é a marca da vida – é a
mossa da existência...
Nada sobra – tudo padece. Tudo vai e nada retorna.
Tudo sucumbe e nada permanece. Essa é a realidade das fendas naturais que
cercam a humanidade que se deixou viver. Esse é destino dos que nada querem e
tudo aceitam. Essa é a sina dos que perderam o referencial da intromissão.
Esse é o fim. Ou será o começo??
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