terça-feira, 4 de junho de 2013

A injustiça

     Certa feita escrevi sobre a gratidão, na minha opinião, o mais nobre sentimento humano. Através dela afloram ou se originam os outros, tão caros a verdadeira e humana convivência entre as pessoas de boa vontade.
      O contrário senso, a ingratidão, por dedução é de fato o mais desprezível e nefasto circunstanciamento sentimental capaz de habitar, sorrateiramente, a alma de alguns infelizes.
      Com a vivência, a experiência e o inevitável envelhecimento compreendi que algo ainda mais desgraçado pode lograr espaço e vontade na consciência dos indivíduos de mau agouro: - a injustiça!
       Essa é brutal em seu conteúdo e vigorosamente demolidora em sua forma.
     A injustiça é a própria ingratidão em roupagem qualificadamente mais arrasadora, potencializando um conteúdo verdadeiramente maléfico.
     Os injustos, bem acima dos simplesmente ingratos, têm a plena dominação do sentimento, do pensamento e do comportamento lesivo. Tem a força e o ânimo para a prática declarada e inapenável de prejudicar os outros.
Se o ingrato, geralmente, não sabe avaliar a extensão de sua ingratidão, o injusto sabe, sobejamente, quanto mal pode causar.
A ingratidão é postura passiva, alienada e quase irresponsável, mas a injustiça é comportamento medido, subjetivo de alto desempenho volitivo e grande conteúdo doentio.
O ingrato chega aos resultados da inconsequência e do desamor por aproximação ou acidentalmente. O injusto reúne, conscientemente, fatos e circunstâncias, para sentenciar, tiranamente, através de sua maledicência sem limites.
Dos ingratos nos defendemos naturalmente, mas dos injustos nem Deus se defende.
Os ingratos são o que são e não tem opinião formada sobre sua condição no relacionamento humano.
Os injustos sabem onde querem chegar e por isso mesmo empenham esforço vigoroso para produzir todo o mal que possam produzir e disseminar.
A ingratidão é uma mera degenerecencia de alma. A injustiça é um credo de caráter, que tem ação rigorosamente destruidora, entendimento reconhecidamente criminoso e ausência total de arrependimento.

Aos ingratos nosso comedido esforço de perdão. Aos injustos não nos restará outra resposta senão a largueza da vida, a sabedoria dos tempos, a couraça da fé e a inteligência da natureza sob o comando silencioso dos olhos de Deus.

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