Certa feita escrevi
sobre a gratidão, na minha opinião, o mais nobre sentimento humano. Através
dela afloram ou se originam os outros, tão caros a verdadeira e humana
convivência entre as pessoas de boa vontade.
O contrário senso, a ingratidão, por dedução é de fato o
mais desprezível e nefasto circunstanciamento sentimental capaz de habitar,
sorrateiramente, a alma de alguns infelizes.
Com a vivência, a experiência e o inevitável envelhecimento
compreendi que algo ainda mais desgraçado pode lograr espaço e vontade na
consciência dos indivíduos de mau agouro: - a injustiça!
Essa é brutal em seu conteúdo e vigorosamente demolidora em
sua forma.
A injustiça é a própria ingratidão em roupagem
qualificadamente mais arrasadora, potencializando um conteúdo verdadeiramente
maléfico.
Os
injustos, bem acima dos simplesmente ingratos, têm a plena dominação do
sentimento, do pensamento e do comportamento lesivo. Tem a força e o ânimo para
a prática declarada e inapenável de prejudicar os outros.
Se
o ingrato, geralmente, não sabe avaliar a extensão de sua ingratidão, o injusto
sabe, sobejamente, quanto mal pode causar.
A
ingratidão é postura passiva, alienada e quase irresponsável, mas a injustiça é
comportamento medido, subjetivo de alto desempenho volitivo e grande conteúdo
doentio.
O
ingrato chega aos resultados da inconsequência e do desamor por aproximação ou
acidentalmente. O injusto reúne, conscientemente, fatos e circunstâncias, para
sentenciar, tiranamente, através de sua maledicência sem limites.
Dos
ingratos nos defendemos naturalmente, mas dos injustos nem Deus se defende.
Os
ingratos são o que são e não tem opinião formada sobre sua condição no
relacionamento humano.
Os
injustos sabem onde querem chegar e por isso mesmo empenham esforço vigoroso
para produzir todo o mal que possam produzir e disseminar.
A
ingratidão é uma mera degenerecencia de alma. A injustiça é um credo de
caráter, que tem ação rigorosamente destruidora, entendimento reconhecidamente
criminoso e ausência total de arrependimento.
Aos
ingratos nosso comedido esforço de perdão. Aos injustos não nos restará outra
resposta senão a largueza da vida, a sabedoria dos tempos, a couraça da fé e a
inteligência da natureza sob o comando silencioso dos olhos de Deus.
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