Imagino que são poucos,
os que lembram de cor as senhas numéricas para movimentação de contas bancárias
e liberação de proventos previdenciários.
Em um mundo desconectado com a decoreba de números – saudosa
tabuada – é bem comum o aperto na hora de acessar favores institucionais
através do encadeamento de letras e números para atingir o limbo das liberações
utilitárias. Sugiro de pronto, que se troque essa prática. Quem sabe propugnemos
por máquinas que nos reconheçam por outros prismas: - gestos, impressões
digitais, iris, preferências partidárias, particularidades sexuais, cor,
estatus social, condição de locomoção, credos religiosos, raça, cultura,
títulos, profissão, popularidade, enfim, diversos e vários critérios de
diferenciação social bem modernos.
A
gente esquece a senha mas tem pouca chance de esquecer o que é ou o que quer
ser na dimensão sócio-relacional. Na frente da máquina falaremos a verdade,
nada mais que a verdade, como manda a lei e a bíblia.
Um
branco inquestionável não precisará mais que isso para fazer funcionar a
máquina a seu favor. Mas a segurança do sistema questionará: - tem muitos
brancos retintos no pedaço e como saberei com quem estou falando? Fácil. No ato
seguinte o branquela revelará outras porções de sua, inconfundível,
personalidade: revelando preferência sexual, partido político, condição de
locomoção, profissão, títulos, grau de instrução, clubes sociais e por aí vai.
Não
há, estatisticamente, gente rigorosamente igual. Ou há!?
A
máquina saberá reconhecer as diferenças e esse será o salvo conduto da
cidadania nesse impasse.
Difícil
– quase impossível – que duas pessoas repousem nas mesmas condições
circunstanciais mundanas para efeito de um proveito institucional Universal.
Cada
um é um em seus sentimentos, em suas razões e em seu aproveitamento
existencial. Podem crer. Somos todos iguais, mas diferentes. Faça o teste e
verá.
A
diversidade humana é bem maior que a infinidade dos números. Essa é a pura
verdade. Somos todos mas sempre seremos um por um, na busca dos interesses
pessoais.
Já
imaginaram uma máquina computando a diferença de gestos? Complexa é verdade –
mas engraçadíssima. A uns abriria a senha prontamente a outros, se pudesse,
diria os maiores impropérios. Mas, pelo sim, pelo não, seria mais justa para o
acessamento geral.
Quem
não se comporta adequadamente não merece facilidades. O teatro do acessamento
será produtivo para criar meios e maneiras de chegar ao que se quer com arte e
ciência. Esse é o ônus da vida moderna.
Faça
a sua careta – essa será sua senha segura – intransferível.
Difícil
será levar esse circo a sério.
Mas,
enfim, chega de seriedade – cada um de nós também merece protagonizar a própria
novela. Seja você mesmo o artista principal de sua própria história. Mas
cuidado – não erre por três vezes seguidas os trejeitos cadastrados de sua
identidade anímica – ficará com a conta bloqueada e o humor vai para o saldo
devedor.
Que
tal? Sorria você está sendo filmado.
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