Que
mal pergunte: - você já foi Juiz de algum embate? Esportivo, sentimental,
inventarial, criminal, social, artístico, já foi?
Se
já – louros, louvas e hosanas a você.
Se
não – recomendo que um dia seja para bem compreender os atalhos da vida e os
sobressaltos do relacionamento humano.
Ser
Juiz, em qualquer dos segmentos, significa incômodo hercúleo e sangue de barata
a jorro. Não é fácil arbitrar pelo equilíbrio das vontades. Alguém sempre
reclamará.
E
você no meio desse turbilhão terá que manter a calma e fazer prevalecer sua
decisão. A troco de que? Para satisfazer
quem?
Sua
consciência é seu salvo-conduto nessa difícil travessia. E que mal pergunte, mais uma vez, você já se dispôs a ser
juiz de sua própria consciência?
Se
já – parabéns a você. Certamente nesse azo você já se condenou e se absolveu,
se converteu e se contraditou, mas enfim, venceu e organizou sua alma e sua
mente pelo bem de todos e mal de ninguém.
Se
não – seu problema não é necessariamente bem maior mas fundamentalmente bem
mais difícil.
Se
sua consciência é o eixo de suas decisões e você ainda não decidiu de que lado
está, então será inevitável implorar pelo referencial de outrem ou de algo,
que, em verdade não está genuinamente no contexto de sua escolha pessoal. E aí
abrem-se brechas para uma porção de
fantasmas decisórios, indiferentes aos seus sentimentos e rigorosamente
estranhos ao seu poder/saber de decidir
e sentenciar. Entre esses fantasmas está a lei – que, em verdade, você
não construiu.
Parece
difícil – mas vendo bem não é.
Seu
julgamento soberano é a medida exata de sua intuição e retrato fidedigno de sua
razão. Seu interesse é o combustível próprio, necessário, e nem sempre
suficiente, para arguir e resolver, pela lei, contra ela ou apesar dela.
Quem
tem razão? Esse ônus é só seu quando resolve ser Juiz – árbitro – mediador.
Assumir
essa conta não é propriamente absorver problemas mas, de boa fé, tentar
equacioná-los em prol da harmonia entre as pessoas.
E
essa é sua vantagem perante a vida, a sociedade, o mundo e tudo o mais.
Quem
lhe pagará o preço justo pelo esforço?
Os
homens? Os deuses? A história? Você
mesmo? A vó do Badanha?
Sua
consciência responderá, mas não se iluda, nem essa, um dia, pagará a conta por
sua ambivalência ou pelo imenso prejuízo de sua pré-disposição arbitral.
Decidir
por si é doce – pelos ou para os outros é amargura mortal.
Você
já foi Juiz? Quer, um dia, ser?
Seja
e cresça ou padeça pelo resto dos dias.
Arbitre!
Resolva! Decida! Sentencie!
Só
Deus ou o Diabo estão autorizados a bater palmas ou gritar vaias por sua
decisão.
Na
curva da eternidade saberemos quem venceu. Que peso tem isso na dimensão
universal?
Seja
Juiz e mova os fulcros do relacionamento humano.
Seja
Juiz, com determinação e coragem.
Seja,
se for capaz e audaz.
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