terça-feira, 4 de junho de 2013

Juiz

Que mal pergunte: - você já foi Juiz de algum embate? Esportivo, sentimental, inventarial, criminal, social, artístico, já foi?
Se já – louros, louvas e hosanas a você.
Se não – recomendo que um dia seja para bem compreender os atalhos da vida e os sobressaltos do relacionamento humano.
Ser Juiz, em qualquer dos segmentos, significa incômodo hercúleo e sangue de barata a jorro. Não é fácil arbitrar pelo equilíbrio das vontades. Alguém sempre reclamará.
E você no meio desse turbilhão terá que manter a calma e fazer prevalecer sua decisão. A troco de que?  Para satisfazer quem?
Sua consciência é seu salvo-conduto nessa difícil travessia. E que mal  pergunte, mais uma vez, você já se dispôs a ser juiz de sua própria consciência?
Se já – parabéns a você. Certamente nesse azo você já se condenou e se absolveu, se converteu e se contraditou, mas enfim, venceu e organizou sua alma e sua mente pelo bem de todos e mal de ninguém. 
Se não – seu problema não é necessariamente bem maior mas fundamentalmente bem mais difícil.
Se sua consciência é o eixo de suas decisões e você ainda não decidiu de que lado está, então será inevitável implorar pelo referencial de outrem ou de algo, que, em verdade não está genuinamente no contexto de sua escolha pessoal. E aí abrem-se brechas  para uma porção de fantasmas decisórios, indiferentes aos seus sentimentos e rigorosamente estranhos ao seu poder/saber de decidir  e sentenciar. Entre esses fantasmas está a lei – que, em verdade, você não construiu.
Parece difícil – mas vendo bem  não é.
Seu julgamento soberano é a medida exata de sua intuição e retrato fidedigno de sua razão. Seu interesse é o combustível próprio, necessário, e nem sempre suficiente, para arguir e resolver, pela lei, contra ela ou apesar dela.
Quem tem razão? Esse ônus é só seu quando resolve ser Juiz – árbitro – mediador.
Assumir essa conta não é propriamente absorver problemas mas, de boa fé, tentar equacioná-los em prol da harmonia entre as pessoas.
E essa é sua vantagem perante a vida, a sociedade, o mundo e tudo o mais.
Quem lhe pagará o preço justo pelo esforço?
Os homens? Os deuses?  A história? Você mesmo? A vó do Badanha?
Sua consciência responderá, mas não se iluda, nem essa, um dia, pagará a conta por sua ambivalência ou pelo imenso prejuízo de sua pré-disposição arbitral.
Decidir por si é doce – pelos ou para os outros é amargura mortal.
Você já foi Juiz? Quer, um dia, ser?
Seja e cresça ou padeça pelo resto dos dias.
Arbitre! Resolva! Decida! Sentencie!
Só Deus ou o Diabo estão autorizados a bater palmas ou gritar vaias por sua decisão.
Na curva da eternidade saberemos quem venceu. Que peso tem isso na dimensão universal?
Seja Juiz e mova os fulcros do relacionamento humano.
Seja Juiz, com determinação e coragem.

Seja, se for capaz e audaz.

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