terça-feira, 12 de abril de 2011

A sopa

Como diz a nova mentalidade polonesa, a questão, não é transformar um aquário em uma sopa de peixes e sim fazer de uma sopa de peixes um verdadeiro e bonito aquário”.
Embora, geográfica e etnicamente, distante, a lição nos serve e o chapéu nos cabe. Há tempos, um caldeirão de reformas coze nos fogões oficiais. O aroma dessa pajelança sai pelas ruas, praças e campos, invade mansões e ranchos, se adensa nos corredores, ganha estádios e se perde na doce brisa que beija e balança...
Em 88, a Nação escreveu, de livre e espontânea vontade, que: saúde, educação, segurança, alimentação, moradia, transporte e lazer são  direitos do cidadão e deveres do Estado. De lá para cá, justiça seja feita, muitos tem cometido o esforço de tornar exeqüível tal idealização. Entre o fito e o fato, ainda existe um batalhão (cada vez maior) de desvalidos que, diariamente, entrega as próprias entranhas de cidadania, para engrossar o caldo das indecisões ou apimentar o pirão das vontades meramente eleitoreiras, geralmente imediatistas, sempre mal fervidas, e, portanto, indigestas.
No balancete desse enfaro nacional, repleto de regorgitações doutrinárias, sobram números e falta finalidade. Abunda técnica e escasseia a ética. Derramam-se formas para pouca essência.
Enquanto a saúde pública morre de inanição orçamentária, na sala de espera, a morbidez edita um código de trânsito que promete cadeia a quem sequer consegui sair da masmorra. O remédio vem com prescrição farta e violenta. Não se surpreendam se a lucidez dos mandatários, de repente, recomendar o agravamento da infecção para compensar e fazer frente a alta dose do antibiótico.
Se o remédio foi muito (?) / - ora, aumenta-se a doença...
A educação continua reivindicando os temperos do adestramento utilitário para a robotização das vontades. Ávidos consumidores e submissos contribuintes saem em fornadas para completar o banquete da inconsciência social.
O barulho das barrigas e das consciências vazias, um dia atrapalhará a morna sesta dos donos da Pátria. Nessa hora o desarranjo consertará os apetites. Aí, então, seremos solidários na armação do aquário, porque já foi repartida de maneira equânime...
O fervido será de todos para todos, sem reproches, porque, afinal, ninguém deixará de entregar o peixe a quem ainda não aprendeu a pescar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário